Data de lançamento: 27 de agosto de 2015
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasil
O filme trata da história de Val (Regina Casé) que
sai do Nordeste para trabalhar como doméstica em São Paulo numa casa de uma
família de classe alta. Ela sempre foi
complacente com a sua situação de inferioridade na casa até que sua
filha, Jessica (Camila Márdila)
chega de Pernambuco, cheia de ideias e críticas em relação à circunstância da
mãe. Com uma atitude considerada “abusada”, Jéssica provoca mudanças no
contexto da casa e na vida de Val.
A obra enfoca bastante a relação ausente das mães -
sempre ocupadas com o trabalho - e o seus filhos. No entanto, o que achei mais
interessante foi o enfoque na relação patrão-empregado, brilhantemente
retratada nos pequenos detalhes da convivência entre a família e Val. Acredito
que o filme é bem crítico nesse aspecto, uma vez que mostra como os patrões
creem incluir a doméstica como “alguém da família” e sequer preocupam-se com o
conforto e bem estar do aposento da empregada. Essa não é uma realidade
isolada; hoje, é considerado “falta de noção” uma doméstica se sentar à mesa
junto com os patrões, entrar na piscina da casa e, principalmente, dormir em um
quarto que não seja o “de empregada”. Tanto para a classe alta quanto para a
classe baixa é julgado comum esse distanciamento hierárquico, representado no
filme pela passividade de Val e condescendência dos donos da casa. Basta uma
análise superficial do assunto para perceber que essa condição não é justa
levando em conta a igualdade entre as pessoas; apenas por você ser mais pobre e
viver na periferia não é digno de sentar à mesa para refeições, de beber em
copo de vidro, comer um sorvete mais caro, nadar na piscina, entrar em uma
faculdade conceituada? Não tem direito a frequentar exposições de
arquitetura/design modernistas em um museu? Se a execução dessas ideias te
incomoda, você precisa pensar um pouco mais, talvez um bocado de alteridade
ajude.
Penso que devemos desconstruir essa artificialidade
das relações e sinceramente incorporar os empregados no nosso convívio.
Acredito que como arquiteta posso fazer parte dessa mudança, começando por um
planejamento mais humano das residências, com todos os quartos semelhantes e
integrados. Afinal, não concordo com os “quartinhos de empregada” junto à área
de serviço, depois da cozinha e longe das grandes suítes.
Finalmente, adoraria que os interessados assistissem
a esse filme o quanto antes, já que de forma cômica e profundamente comovente
provoca altos níveis de reflexão necessários à toda sociedade atual.
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